A idolatria em vigor

A idolatria, a uma primeira vista, pode parecer um problema dos tempos antigos em que o culto religioso a estátuas de seres fictícios, de reis e de imperadores era acintosa e judeus e cristãos tinham de travar batalha em defesa de sua religião contra essa prática.
Outros, verdadeiros, palpáveis bem concretos e realmente perniciosos são os ídolos modernos, dos nossos tempos.
São os valores que uma cultura assume e impõe como absolutos sem que o sejam.
É o reverso do anúncio do Reino de Deus, vivido e pregado por Jesus Cristo.
Ora bem, o cerne do Reino é o anúncio da Boa Nova, do Evangelho de Jesus Cristo aos excluídos da sociedade, aos pobres; o anúncio da justiça verdadeira traduzida, em linguagem fácil pelo Carpinteiro de Nazaré, como sendo o tratamento que todos os seres humanos querem receber dos outros, e que deve ser o mesmo com que devem tratar o semelhante (Mt. 7,12).
A idolatria é o anúncio da Boa Nova da Riqueza Sem Limites aos ricos e ambiciosos, da preponderância absoluta do Dinheiro.
O Reino de Deus diz que a salvação é a confiança humilde e pobre em Deus, e a vida em recíproco tratamento de justiça entre os seres humanos.
A idolatria diz que a salvação é a confiança na Riqueza, por isso ela deve ser buscada a todo custo sem deixar-se coibir e inibir por nenhum opositor.
Concretizando mais, os ídolos atuais são a Riqueza, o Poder, o Estado, o Sexo, o Prazer, a Razão, o próprio ser humano à medida que são absolutizados e transformados em forças supremas e dominantes.
Encarnam a idolatria os sistemas do capitalismo liberal e o do coletivismo marxista.
Hoje, com a queda do comunismo, praticamente reina soberano e imbatível o ídolo do capitalismo sob a forma neoliberal.
Tal ídolo máximo e atual tem um nome: Mercado de Capitais.
Este é o novo “deus” ao qual se sacrificam todos os outros valores, os legítimos e perenes valores da fé cristã e da sociedade humana, o próprio ser humano, povos e nações.
Os arautos desse “deus”, por disfarce e camuflagem, na religião cristã, usam do combate antigo da milenar Bíblia hebraica contra estátuas inertes e inofensivas, e cultuam, de fato, o Dinheiro, o Dólar, extorquindo pobres e miseráveis, para investir, em proveito do próprio bolso, o fruto da engabelação e da fraude obtido com a manipulação da fé cristã, no seu único “deus”, o Mercado de Capitais.
E Cristo, então, fala sozinho, condenando a união de Deus e do Dinheiro:
“Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro!” Mat. 6,24.

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