A LOUCURA DOS FALSOS PREGADORES.

Em artigo anterior, lembrei que, em 1978, 26 anos atrás, o mundo inteiro foi abalado pelo suicídio coletivo de novecentas pessoas numa propriedade rural da Guiana (antiga Guiana Inglesa) denominada Jonestown em homenagem ao seu líder carismático, Jim Jones, imitando o nome da capital do país, Georgetown.

Jones exercia um controle muito grande sobre a mente de seus seguidores, a ponto de levá-los ao suicídio.

Daí vem a pergunta: como um homem conseguiu ter tamanho poder?

Sun Myung Moon, um pastor evangélico coreano, imigrou para os Estados Unidos da América e recrutou centenas de jovens para a sua doutrina, que se entregam a ele, vivem em suas comunidades e trabalham longas horas todo dia para arrecadar os milhões de dólares que seus projetos exigem; e o Reverendo Moon, como é chamado esse líder evangélico, vive como todos os seus colegas, como Jim Jones viveu, vive na opulência, numa riqueza material espetacular.

No inicio do século XIX, o inglês Robert Owen estabeleceu uma comunidade no vale do rio Ohio, na América do Norte. Sua entusiástica pregação a favor do socialismo contagiava as pessoas a ponto de muitas abandonarem suas atividades normais, aderindo ao seu projeto, por algum tempo.

Em julho de 1981, um guru indiano – com o nome de Bhagwan Shree Rajneesh – pagou 6 milhões de dólares por uma área de 160 km² no Estado de Oregon, também nos Estados Unidos.

Algum tempo depois, ele e seus duzentos discípulos solicitaram ao Governo permissão para fundar uma cidade no meio dessa propriedade; pretendem chamá-la de Rajneespuram. Seus seguidores, que se denominam sanyassins, não são obrigados a entregar todas as propriedades e rendas ao seu líder, mas a maioria é convencida a entregar como “doação espontânea”, e terminada fazendo isso.

Com toda essa fortuna “doada”, o líder Rajneesh vive no luxo (tem inclusive um automóvel RollsRoyce, veículo que chama a atenção nas estradas rurais daquela região do Estado).

Por que existem pessoas que aceitam se submeter ?

A História nos apresenta muitos exemplos de tentativas de viver em grupamentos religiosos, e também debaixo de sistemas ideologicamente socialistas.

Os senhores feudais e seus servos representavam outra versão do mesmo comportamento e, quando analisamos a era medieval pela perspectiva histórica, temos dificuldade de entender por que as pessoas concordavam em fazer parte de tal regime de vida.

No início de tudo, vem a pergunta – como pode um homem exercer tão grande poder sobre outros a ponto de se sujeitarem inteiramente a sua vontade?

Talvez seria melhor perguntar: por que certas pessoas se deixam controlar por outra que exerce uma autoridade dominante, totalitária?

Por que elas lhe entregam a liberdade de pensamento e da própria vida?

Nem mesmo um hipnotizador pode dominar uma pessoa, a não ser que esta concorde em se deixar dominar e sugestinar..

Pelo que se vê, diariamente nas emissoras de ´radio e de televisão no Brasil, o que está acontecendo é o que já aconteceu, principalmente, nos Estados Unidos da América.

Em primeiro lugar, esses novos cultos religiosos, chamados de “evangélicos” prometem, em nome de Deus, especialmente de Jesus Cristo, um prêmio em troca da sujeição, da entrega da vida, do dinheiro, do patrimônio.

Claro que ninguém, em sã consciência, se entregará à dominação de outra a não ser que receba alguma vantagem em troca. E, para isso, o indivíduo deve acreditar que ganhará esse prêmio imediatamente ou, quase sem dúvida, no futuro que lhe apresentam os pregadores.

Numa economia regida pela liberdade de intercâmbio, as trocas se dão porque cada membro deseja trocar algo por outro produto ao qual atribui maior valor. No exemplo de comunidades que citamos, é bastante óbvio que o indivíduo que se sujeita à total autoridade de um líder como Jim Jones busca uma forma de segurança, de garantia permanente de bem estar.

Todos desejam a segurança material. Ninguém gosta de viver à beira de um precipício financeiro. A maioria de nós tenta descobrir maneiras de economizar para se precaver contra as dificuldades que poderão surgir quando já não pudermos atender as necessidades diárias. Os bancos conseguem manter-se porque seus clientes lhes entregam seu "pé-de-meia", preparando-se para o dia em que não poderão mais trabalhar.

Foi utilizando o exemplo da poupança privada que, num truque de marketing político, nos Estados Unidos da América, o Governo de Franklin D. Roosevelt "vendeu", na década de 30, o sistema de "seguro social" aos norte-americanos.

Em parte, a síndrome de Jonestown se explica pela profunda necessidade de segurança estável e nunca faltam pessoas dispostas a entregar sua liberdade de pensamento, de movimento e até seu patrimônio pessoal em troca dessa garantia que lhes é apresentada sob pressão da propaganda de rádio, televisão e imprensa escrita.

O pastor evangélico Jim Jones prometia tal segurança; o "Pai Divino" também. Sun Myung Moon, o Reverendo Moon, atrai os jovens com essa promessa, assim como o guru indiano faz com seus seguidores.

A doença de todo mundo.

Talvez o leitor esteja pensando: "Bem, isso é tudo muito interessante, mas afinal de contas o autor está falando de uma pequeníssima parcela da população. Por que deveríamos nos preocupar? Deixemos que essa gente faça o que quiser".

De fato, essas são amostras muito pequenas comparadas à sociedade como um todo, mas são a manifestação exagerada de um sintoma abrangente, de uma doença gravíssima que cresce dia a dia, na proporção do crescimento da ignorância das massas e, sobretudo, da falta de garantia para uma vida boa, com pão, paz e liberdade.

Milhões de norte-americanos, que não são inteiramente ignorantes, não vivem em colônias religiosas, têm um grande desejo de segurança e esse desejo se reflete em diferentes setores da sociedade .

Por que certas pessoas se filiam voluntariamente a sindicatos trabalhistas? Porque elas pensam que, com isso, obterão segurança, no trabalho, um plano de pensão ou um salário anual garantido.

Para obter tais benefícios (?) elas têm que dar algo em troca: parte de sua liberdade, sua contribuição sindical, e algo de sua integridade intelectual.

Milhões de pessoas não se incomodam de pagar esse preço.

Transferindo a responsabilidade

Outra manifestação da síndrome de Jonestown e que está inter-relacionada é o desejo de transferir a responsabilidade para os outros.

Nesse caso, é preferível o uso do termo não-responsabilidade, em vez de irresponsabilidade.

No texto promocional da comuna hinduísta de Oregon, dirigida pelo guru indiano, encontra-se a seguinte frase: "Neste lugar as pessoas podem viver sua vida de acordo com sua própria filosofia".

Trocando em miúdos: "Faça o que quiser".

Mas um repórter da Associated Press que estudou a comunidade chegou a uma conclusão diferente, depois de examinar os duzentos ou trezentos livros supostamente escritos pelo guru: "Sua filosofia baseia-se na total perda da consciência individual e na inexistência de qualquer restrição as ações individuais".

Por certo, o guru encontrou um negócio lucrativo. Controlando quase por completo as mentes e vidas dos seus súditos, ele pode viver com um nível de considerável influência e, especialmente, no luxo.

Todos esses exemplos teriam algo a ver com a nossa sociedade como um todo?

Infelizmente, sim.

É muito grande o número de nossos patrícios que estão imbuídos da mesma atitude: "Não me interessa que tipo de governo nós temos; não me interessa se as pessoas em posição de autoridade são virtuosas ou corruptas, se a moeda tem lastro ou é inflacionada.

Não me interessam os problemas da defesa ou as relações internacionais, desde que eu tenha o suficiente para comer três refeições diárias, um televisor e uma garrafa de cerveja.”

Agora, cabe perguntar: que tipo de promessa o leitor acha que um político e, principalmente dessa mistura de pastor evangélico e político espertalhão, oportunista, fará a essas pessoas inconscientes, desinformadas, ignorantes, enfim?

Não é preciso pensar muito para saber a resposta.

O Povo de DEUS

"A felicitade total hoje e agora" é um desejo inerente à doença religiosa da crença pregada e incutida por Jim Jones e seus parceiros evangélicos de hoje.

Mas a mensagem do Novo Testamento, ao contrário, é a de que a vida, na Terra, não é uma fantasia de desenho animado; não é o paraíso, o céu antecipado.

Nesta vida somos peregrinos, caminhantes como o antigo povo judeu, saindo em jornada de 40 anos pelo deserto, fugindo da escravidão do Egito, numa jornada em direção a algo melhor do que aquilo tudo que alguém jamais conheceu, e Cristo Jesus, Senhor Nosso, veio até aqui para mostrar o caminho certo para encontramos nosso mundo de alegria total e sem interrupção.

A filosofia da gratificação adiada, do prêmio no futuro, sempre foi a autêntica maneira de pensar do povo de Deus, porque essa gente tinha consciência de que, sendo mortais, a fortuna material, a riqueza em dinheiro, fama e sucesso, são cosas boas, mas passageiras, destinadas a acabar.

Então, o que interessa mesmo é a riqueza sem fim, o amor que não acabe nunca, e isso, esse bem para sempre, com certeza, está lá adiante, depois da morte física, quando só a alma, que não morre nunca, que é sem fim, terá os benefícios também de forma duradoura, permanente.

É verdade que nosso desejo de felicidade não aceita que as coisas boas da vida acabem e, é exatamente por ser um desejo do bem sem fim, que está no fundo de nossa natureza, lá bem escondido, além da carne, do sangue e dos ossos, é que esse desejo não pode ficar sem satisfação, do mesmo jeito que a fome, sentida pelo nosso estômago, exige o alimento como resposta, e é o pão nosso de cada dia a figura de alimento de que precisamos para sobreviver.

Felicidade é a palavra que dá nome para essa coisa que atende ao desejo sem fronteiras, que está dentro de todo ser humano.

Só a felicidade é o objeto capaz de responder a esse desejo de ter um bem inacabável.

Então, a felicidade sem limite de quantidade e de tempo é o sentimento que todos nós trazemos dentro de nós mesmos: um sentimento, um desejo, uma vontade que exige que exista a coisa capacitada de satisfazê-la.

A serpente diabólica, no Jardim do Éden, propondo a falsa autonomia do ser humano, em resumo, disse: ”Você, ser humano, não precisa esperar, pode ter o que desejar agora, tornando-se o Deus de si mesmo!". Gn. 3, 4-5.

E aí está mentira que comprovamos no nosso cotidiano, porque, na realidade, descobrimos nossa imensa fraqueza, nossas ilimitadas necessidades.

Por isso, passamos a ter certeza de que não temos poder nenhum, enfim a certeza de que somos sozinhos e fracos, totalmente fracos.

Nunca, na vida terrena, chegamos a ter tudo o que é necessário para satisfazer aos desejos do coração e da alma.

Em suma, o que o diabo nos põe na cabeça é a grande tapeação: seja o seu próprio Deus e faça as suas próprias leis.

Essa mesma serpente veio a Jesus no monte da tentação, e disse a Ele:

– “Ajoelhe-se e me adore, e eu lhe darei tudo o você que desejar!". Mt. 4, 9.

A doença espalhada por Jim Jones e por todos os que são iguais a ele tem um aspecto característico.

Para não se tornar vítima dessa doença, uma pessoa praticamente precisa deixar de pensar ou ter o seu "computador mental" programado com mentiras.

Evidentemente, o clima intelectual do nosso querido país é um campo fértil para essa doença religiosa e até social.

As faculdades e universidades nos preparam para isso. A escola “pública”, tão sagrada para muitos, é o Cavalo de Tróia entre nós. Os poderosos meios de comunicação em geral seguem a mesma orientação.

Fundamentalmente, o poder de nossas mentes nunca mudou, mas se nós as entulharmos de dados falsos, inevitavelmente tiraremos conclusões erradas .

Corrigindo nossas idéias.

Qual é, pois, a solução?

De algum modo, temos que criar uma elite, um grupo de pensadores, moral e intelectualmente sólidos, que possa atrair o ser humano e interessá-lo na busca da verdade e da integridade.

De fato, as idéias têm conseqüências quando são assimiladas pelas mentes dos pensadores e traduzidas em ação correta.

Afinal de contas, o que é que é ação correta?

Se pensarmos com sinceridade e tomarmos nossa própria pessoa como modelo para conseguir chegar ao entendimento de um tipo de comportamento sadio, honesto, justo, vamos ter a sorte grande de descobrir o padrão que serve de modelo para as ações corretas em nossas vidas.

E a descoberta será totalmente diferente da mentirosa idéia de auto-suficiência que satanás propôs e incutiu, com êxito, no primeiro casal humano, e que continua prevalecendo na vida particular e social.

Por exemplo: se eu pensar que só quero o meu próprio bem, e que não gosto que nada me aconteça de ruim, já estou caminhando de forma positiva para chegar à conclusão de que esse desejo de bem pessoal, de felicidade particular, deve ser o desejo de todas as pessoas e, contando com esse modelo de idéia, estarei fazendo, eu mesmo, para os meus semelhantes tudo aquilo que, na minha própria vida, eu quis para mim mesmo e fiz de bom para minha própria pessoa, dos meus familiares e de todos os que me cercam, no dia a dia.

Então, se não me sinto feliz, confortável, sendo alvo da mentira dos outros, não vou mentir e, daí por diante, não vou cometer qualquer tipo de falsidade, de coisa ruim, em casa, com meus familiares, que são as pessoas mais próximas de mim, como, de igual maneira, em relação a todo mundo, a todas as pessoas com quem eu estiver em contato e conviver.

Aí está, com suas muitas e muitas espécies diversas e sucessivas, o que se pode chamar de ação ou de atitude correta.

Interessante, foi essa espécie de entendimento que Jesus Nosso Senhor nos ensinou, quando falou de justiça, estabelecendo a diferença entre o que é a Justiça de Deus e as formas falsificadas de justiça humana.

Em tradução atual, de acordo com a nossa maneira de falar e de entender, Jesus Cristo, Nosso Senhor falou e ensinou assim:

– “Tudo aquilo que você deseja que as outras pessoas façam para você, faça isso você mesmo. Essa é a regra da lei de Deus e o ensinamento dos Profetas!” Mt. 7,12

Viver de acordo com esse padrão, é muito diferente de ficar escravo da palavra mentirosa de satanás e dos seus onipresentes discípulos e profetas, repetidores da pregação e atitudes do Pastor Jim Jones, do Reverendo Moon, e do guru Rajneesh.

 

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