OS RAMOS DA TAMAREIRA
" Eles compreenderam que havia chegado a hora de Deus, a hora tão desejada e abençoada, esperada durante séculos por Israel e, abanando ramos de oliveira e de palmeira, decretaram o triunfo de Jesus."
HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II, DOMINGO DE RAMOS – 28 de Março de 1999
Domingo de Ramos, é o dia em que os cristãos celebram a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém; ali o Messias, montado num jumento, foi recebido pelo povo, que agitava ramos de palmeira e de oliveira. A multidão exultava com a volta de Jesus e os jovens hebreus que haviam ido ao encontro do Senhor aclamavam : " Hosana ao Filho de David ! " (Mt 21, 9). Alguns fariseus gostariam que Jesus os fizesse calar, mas Ele respondeu-lhes que se eles se calassem, gritariam as pedras (cf. Lc 19, 39-40).
O Nazareno, que sempre pedia a seus seguidores, para que não relatassem os milagres e prodígios que Ele realizava e que fugia das multidões que queriam proclamá-lo Rei, entrou triunfante naquele dia em Jerusalém, sendo aclamado como o Filho de Deus, o Messias, o Libertador de Israel. Esta recepção, era conseqüência ainda, da repercussão que o milagre da ressurreição de Lázaro suscitara. O fato havia sido comentado por toda aquela região e Jesus transformara-se em personagem de grande prestígio e fama. Era então o tempo da concorrida Festa das Tendas e por isso o povo tinha ao seu alcance os ramos de oliveira e de tamareira que deveriam ser usados nos rituais.
Foi assim, que na tradição católica, as folhas da palmeira passaram a representar a paz e a relembrar a entrada de Cristo em Jerusalém. Aproveitemos a ocasião festiva, para conhecer um pouco mais sobre essa palmeira, que forneceu os ramos para a aclamação de Jesus.
As palmeiras foram as primeiras plantas de grande porte, que o homem nômade utilizou, de forma doméstica. Citada no Gênesis como a "Árvore da Vida", tem acompanhado o homem desde os tempos mais remotos. Os egípcios, há mais de 5.000 anos já a utilizavam para representar a fecundidade da terra. Ela estava presente também, nos escritos cuneiformes.
Nos primeiros assentamentos dos povos nômades (milhões de anos antes da cultura egípcia) no delta entre os rios Tigre e Eufrates, a agricultura de subsistência se baseava no cultivo dessa planta: era chamada de "a árvore dos cem usos", pelo que pudemos constatar através dos achados arqueológicos oriundos da antiga Babilônia.
À sombra das palmeiras é criado um micro-clima propício ao cultivo de hortaliças, árvores frutíferas e plantas forrageiras. Essas últimas, indispensáveis para a formação de pastagens, que por sua vez possibilitarão a criação de gado, fornecedor do leite e da carne que irão alimentar ao homem.
Não podemos nos esquecer também, de que o fruto da palmeira é um excelente alimento. Rico em nutrientes: cálcio, fósforo, potássio, magnésio, ferro, vitamina A, vitamina C e outras seis vitaminas do grupo B. À cada 100 gramas de tâmaras (dátiles) são satisfeitas às necessidades diárias do organismo em: ferro, potássio, magnésio, vitaminas B5, B9 e C. Em função disso, a palmeira datilera (Phoenix dactylifera L.) foi a única que, junto com o palmito brasileiro (Euterpe edulis), foi totalmente arrasada de seu hábitat natural. Atualmente não há população natural de nenhuma delas, já que o homem ao largo da história, dizimou todas as existentes. No entanto isso não significa que estejam em perigo de extinção, já que se estima que em todo o mundo há cerca de 90 a 100 milhões de palmeiras datileras (curiosidade: a datilera é só uma das 2.800 espécies de palmeiras que habitam a Terra).
As palmeiras crescem em uma infinidade de lugares distintos: selvas, savanas, desertos, rios, lagos, montanhas, rochedos, vales, ilhas, etc. Onde quer que se encontrem palmeiras, sempre existem comunidades estáveis de homens que vivem delas ou associados à elas. A agricultura de subsistência, em muitos países, se mantêm graças a produtos que se obtém das palmeiras: o azeite, a fibra de coco (Cocos nucifera), o dátil, o palmito, o azeite vegetal e tantos outros.
Esta co-dependência homem-palmeira, se repete por todo o nosso planeta e tem sido assim ao longo da historia, é uma associação benéfica ao homem e em muitos casos, responsável por sua sobrevivência. Estas herbáceas são, em última análise, as nossas companheiras vegetais indispensáveis.
E quanto aos ramos de oliveira, nossos velhos conhecidos, falaremos deles oportunamente, num próximo artigo : "Pueri Hebraeorum, portantes ramos olivarum…"
Elisabete S.C.Garcia – Psicóloga, Rio de Janeiro.