SEMANA SANTA…

            «Aquele a quem eu beijar, é Esse. Prendei-O»(Mt.26,48).

            «Judas, é com um beijo que entregas o Filho do Homem?»(Lc.22,48).

 

A Semana Santa é o período que vai do Domingo da Ramos na Paixão do Senhor até ao Sábado Santo, como preparação para a Festa da Páscoa.

            Quando a Religião Católica foi legalizada pelo Édito de Milão em 313, os baptizados que viviam em Jerusalém ou nas cercanias da cidade, começaram a celebrar publicamente o aniversário dos acontecimentos e dos lugares da paixão de Cristo identificados pela tradição, a que chamaram os “Lugares Santos”.

            Faziam vigílias e procissões, e liam as escrituras referentes aos fatos da Paixão do Senhor, especialmente a leitura da Paixão.

            E muito do que hoje se sabe a respeito da antiga Semana Santa e da Páscoa, veio sobretudo através dos Peregrinos europeus que trouxeram essas práticas consigo e as repetiam todos os anos.

            Uma peregrina de Espanha chamada Egeria, foi em peregrinação a Jerusalém em 381-384 e, quando voltou, escreveu tudo o que viu num livro, e os cristãos observavam essas práticas todos os anos.

            Mais tarde a Igreja foi incorporando algumas dessas práticas na Liturgia da Semana Santa.

           

                               PAIXÃO DE CRISTO

 

           A Paixão de Cristo inclui todos os acontecimentos referentes aos seus sofrimentos, desde a Última Ceia até à Sua Morte, e que foram anunciados por Isaías desde 42,13 até 43,12, e depois narrados pelos Evangelistas :

            Mat. 26 e 27;  Mc. 14 e 15; Lc. 22 e 23;  Jo. 18 a 20.

            Todavia quando se fala na Paixão de Cristo refere-se muito especialmente à narração da Paixão feita pelos Evangelistas :

            Mat. 26,36 a 27,66, que se lê na Missa do Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, Ciclo do Ano A.

            Mc. 14 e 15, que se lê na Missa do Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, Ano B.

            Lc. 22 e 23 que se lê na Missa do Domingo de Ramos na Paixão do Senhor Ano C.

            Jo. 18 a 20 que se lê na Missa de Sexta-Feira Santa.

            É evidente que, pela Sua Paixão, Cristo suportou muitos sofrimentos para nossa salvação, como : Degradação; Várias formas de sofrimento físico; Privação; Ultraje; Abandono e Morte.

            Mas também é verdade que todos estes sofrimentos constituíram uma plena aceitação como uma passagem da morte à vida, de uma aparente derrota a uma verdadeira vitória, da cruz para a glória.

            O Concílio Vaticano II na Sua Constituição sobre a Sagrada Liturgia afirma :

            – Esta obra da redenção dos homens e da glorificação perfeita de Deus(…) realizou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal da sua bem-aventurada Paixão…(SC 5).(cf. SC 61).

            Foi pela Paixão de Cristo que nos veio a justificação que nos é concedida pelo Baptismo, como nos diz o Catecismo da Igreja Católica :

            1992. – A justificação foi-nos merecida pela Paixão de Cristo, que na Cruz Se ofereceu como hóstia viva, santa e agradável a Deus, e cujo Sangue se tornou instrumento de propiciação para os pecados de todos os homens. A justificação é concedida pelo Baptismo, sacramento da fé. Conforma-nos à justiça de Deus, que nos torna interiormente justos pelo poder da sua misericórdia. E tem por fim a glória de Deus e de Cristo, e o dom da vida eterna.

 

                                  

            MISSA CRISMAL

            Primitivamente era na manhã de Quinta-Feira Santa, mas presentemente, por razões práticas, noutro qualquer dia da Semana Santa, na Igreja Catedral o Bispo com a presença dos Párocos e com delegações de leigos das diversas Paróquias, num ritual solene, celebra a Missa Crismal para benzer os Óleos que se hão-de usar durante todo o ano :

            * O Óleo dos Catecúmenos, usado no Baptismo das crianças e no catecumenato dos adultos.

            * O Óleo do Crisma, usado no Baptismo e na Confirmação.

            * O Óleo dos enfermos, usado na administração da Unção dos Enfermos.

            É um rito próprio do Bispo, como sucessor dos Apóstolos e o primeiro servidor da Igreja local, em volta do qual se reúnem, para com ele celebrar a Eucaristia, os Sacerdotes dos diversos lugares e ministérios da Diocese, numa prova de unidade eclesial.

            Através dos Santos Óleos, por ele benzidos nesta Missa Crismal e pelos sacerdotes levados para todas as Paróquias, o Bispo “fundamento e unidade da sua Diocese” (LG 23), estará presente no Baptismo, na Confirmação e na Unção dos Enfermos.

            Unidos no Único Sacerdócio de Jesus Cristo, Bispos e Sacerdotes são, porém, simples instrumentos, “servos do Ministério”.

            Quem, por intermédio deles, age na Igreja, é o Espírito de Jesus, o Espírito Santo, como o sublinha toda a Liturgia da Missa Crismal.

            Renovando, na Missa Crismal, o seu compromisso de serviço à comunidade dos crentes, os Sacerdotes reafirmam o seu desejo de fidelidade ao Espírito Santo, que receberam com a imposição das mãos.

            O Bispo deve ser considerado como sumo sacerdote do seu rebanho, de quem deriva e depende, de algum modo, a vida dos seus fiéis em Cristo.

            A Missa do Crisma, que o Bispo concelebra com os presbíteros das diversas regiões da Diocese, e durante a qual consagra o Santo Crisma e benze os outros Óleos, é considerada uma das principais manifestações da plenitude do sacerdócio do Bispo e sinal da íntima união dos presbíteros com ele.

            Com efeito, é com o Santo Crisma consagrado pelo Bispo que os recém-baptizados são ungidos e, depois, confirmados.

            Com o Óleo dos Catecúmenos são preparados e dispostos os Catecúmenos para o Baptismo.

            Finalmente, com o Óleo dos Enfermos, são aliviados os doentes nas suas enfermidades. (cf. Missal popular).

            No fim da Missa Crismal, ou em qualquer outra altura, os Párocos levam para as suas Paróquias, uma certa porção destes Óleos para a administração dos respetivos Sacramentos durante todo o ano, a começar na Vigília Pascal.

 

            TRÍDUO PASCAL

            Aos últimos três dias da Semana Santa, chama-se Tríduo Pascal, isto é, Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa e Sábado santo.

            Originariamente, não havia a celebração da Semana Santa.

            A Páscoa era celebrada no contexto de um só dia : a Vigília Pascal que começava ao pôr do sol de Sábado e continuava até ao fim do primeiro dia da semana, o Domingo.

            No século V, o Mistério Pascal ficou fragmentado em várias peças, por influências de Jerusalém.

            O núcleo chamou-se “Tríduo Sagrado” : de Sexta-Feira até à manhã de Domingo, em memória da Morte, Sepultura e Ressurreição.

            Mais tarde foi acrescentada a Quinta-Feira porque os dias eram contados a partir da véspera de Sexta-Feira.

            Com o fim das perseguições aos Cristãos, o imperador cristão proibiu toda a espécie de entretenimento durante esta semana e daqui saiu a tradição de que todos os prisioneiros deviam ser perdoados.

            Os três dias de Quinta-Feira, Sexta-Feira e Sábado da Semana Santa foram considerados como dias santos.

            Desde então a Igreja celebra o Mistério das salvação, nas suas três fases (Paixão, Morte e Ressurreição), no decorrer de três dias, que constituem o ponto culminante do Ano Litúrgico.

            Este Tríduo Pascal começa com a Missa Vespertina de Quinta-Feira Santa, tem o seu momento mais alto na Vigília Pascal e termina com as Véspera do Domingo da Ressurreição.

            Deste modo, não podemos identificar a Páscoa apenas com o Domingo da Ressurreição.            

            Isso seria mutilar uma realidade extremamente rica e reduzir-lhe as dimensões.

            “O plano divino da Salvação em Cristo não pode fragmentar-se, mas deve ser considerado como um todo único”.

            Compreende-se, portanto, a importância deste Tríduo Pascal, quer na liturgia, quer na vida da Igreja.

            Dele derivam todas as outras solenidades, que não são senão reflexos, ecos deste Acontecimento salvífico, de modo que o culto cristão é um culto pascal.

            Nele tem o seu centro de convergência e de irradiação a vida da Igreja, pois “o Mistério cristão culmina e compendia-se no Mistério Pascal, que dá cumprimento à História da Salvação e à missão de Israel, enquanto inaugura, com os tempos messiânicos, a existência histórica da Igreja”.

            O Tríduo Pascal, pelo qual se aplica aos homens a perene eficácia do Mistério da Redenção, deve ser vivido plenamente.

            Nestes três dias, unidos ao Salvador, devemos percorrer o seu itinerário, tornando-nos solidários com Ele na Paixão e na Morte, para o sermos também na Ressurreição.

            Diz o Catecismo da Igreja Católica :

            1168. – Partindo do Tríduo Pascal, como da sua fonte de luz, o tempo novo da Ressurreição enche todo o ano litúrgico da sua claridade. Ininterruptamente, dum lado e doutro desta fonte, o ano é transformado pela Liturgia. É realmente “ano da graça do Senhor”. A economia da salvação realiza-se no quadro do tempo; mas a partir da sua concretização na Páscoa de Jesus e da infusão do Espírito Santo, o fim da história é antecipado, pre-gustado, e o Reino de Deus entra no nosso tempo.

            Antes da Reforma da Liturgia, o tempo da Quaresma terminava com a Vigília pascal.           

            Paulo VI nas Normas Gerais do Calendário e Ano Litúrgico, a respeito da Quaresma, estabeleceu :

            -“A Quaresma começa com a Quarta-Feira de Cinzas e termina com a Missa de Quinta-Feira Santa”.(28).

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