OS PROTESTANTES E A PROSPERIDADE

Tenho assistido a alguns programas de televisão das igrejas protestantes. E o que têm me chamado atenção, é a forma de como eles encaram o sofrimento.

Os protestantes sempre vinculam o sofrimento à falta de Cristo na vida da pessoa, e que no momento em que se aceita a Jesus e se toma a posse da benção, todos os problemas estarão resolvidos. Já ouvi um pastor dizer que se ao colocar o pé na igreja dele, já se recebe um grande milagre.

A esse respeito, vejamos o que Deus diz no Eclesiástico 2: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação”.

Logo que Maria aceitou “entrar para o serviço de Deus”, dando o seu sim ao arcanjo Gabriel, já teve que enfrentar a primeira provação, pois o seu esposo José, ainda não estava plenamente convencido que sua gravidez era obra do Espírito Santo, e pela lei daquele tempo, José tinha direito de matar Maria apedrejada em praça pública. Maria teve que viajar para casa de sua prima Isabel, até as coisas se acalmarem. As outras provações que Maria teve que enfrentar, todos nós sabemos.

Apóstolos como Pedro e Paulo, após “entrarem para o serviço de Deus”, foram muitas vezes presos, torturados e até mortos.

E é o próprio Cristo que nos Diz em Marcos 8-34: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a própria cruz, e siga-me”.

Você pode estar pensando assim: se eu tiver algum problema, e recorrer a Cristo, ele vai me dar uma cruz maior ainda?

Não, claro que não, pois Cristo prometeu que “tudo o que pedirdes em oração, crede que o tendes recebido e vos será dado” (Marcos 11-24).

Cristo vai resolver o seu problema, seja lá qual for, pois como disse o apóstolo Paulo: “enfrentei muitas tribulações, mas em Cristo venci todas”. Porém, Cristo não vai tirar a cruz de suas costas, e além de tudo, afirma que “beberemos o cálice que Ele bebeu” (Marcos 10-39).

A cruz só serve para atrapalhar então? Não! A cruz serve para a nossa salvação.

O grande erro da humanidade atualmente é este: ter esquecido que a salvação de suas almas passa pela cruz.

Todos querem se dar bem. Ter um bom emprego, uma boa renda, um bom carro, uma boa casa, filhos saudáveis e muita diversão. Esquecemos que tudo aqui é passageiro.

Na verdade, esta vida não passa de uma grande prova rumo à vida eterna, e muitas vezes nem lembramos disto.

O apocalipse 20-12 diz que seremos julgados, segundo as nossas obras, e a maior obra que podemos fazer nesta terra é o amor à Deus e ao próximo. Se amamos a Deus, observamos seus mandamentos e se amamos ao próximo, queremos o seu bem e o servimos.

O amor, porém, precisa ser provado, para ser declarado verdadeiro, e isso se faz através da cruz.

Esse é o motivo pelo qual carregamos a nossa cruz, através de muitas dificuldades e desafios na vida. 

Como sabemos que amamos verdadeiramente a Deus? É dizendo: Jesus eu te amo? Não, não é não. O verdadeiro amor gera algumas virtudes, e entre as principais estão a paciência, a confiança e a coragem. Só para dar exemplo, verificamos que no momento em que Cristo foi preso, seus apóstolos, com exceção de João, ainda não O amavam, pois não tiveram a coragem de assumir que estavam com o Mestre, e O abandonaram.

Então, durante a nossa vida, Deus vai nos provando, nos deixando ficar em situações que ora precisamos de coragem, ora de paciência, ora de muita confiança em Nele. O mais importante é não fazer como os apóstolos que desapareceram na hora que Jesus mais precisava deles. As provações não são castigos, mas uma possibilidade de correção no rumo de nossas vidas e de crescimento espiritual. Não somos provados ininterruptamente em nossas vidas, mas como o próprio Deus Pai revelou a Sta. Catarina de Sena, as provações vêm e vão, na medida necessária à nossa salvação. Deus pode nos provar inclusive, nos fazendo ricos em bens materiais, para ver se continuamos fieis a Ele, o que não aconteceu, por exemplo, com Salomão, que acabou adorando o deus estranho de uma de suas esposas. Temos que assumir o nosso amor a Deus se queremos ganhar nossa recompensa. Recompensa? Mas tem recompensa?

Claro que tem recompensa. O cristão não é um masoquista, não sofre porque gosta de sofrer. Sofre, por um determinado tempo, por amor a Deus e pela salvação da sua alma e de seus irmãos. Sofremos apenas o tempo necessário para que a obra de Deus se cumpra em nossa vida e de nossos irmãos.

Vou fazer uma comparação. Vamos supor que alguém precise emagrecer, e se dispõe a fazer uma dieta alimentar e exercícios físicos. Essa pessoa vai sofrer, pois precisará abrir mão de alimentos que gosta, e ainda ficará dolorido dos exercícios físicos. Mas ao final da jornada, essa pessoa não estará mais saudável e bonita? Esta será a sua recompensa.

A recompensa de Deus começa nesta vida e continua na outra. Nesta vida, embora se esteja carregando a cruz, já se recebe a verdadeira liberdade, que é a presença do Espírito Santo em nossas vidas. Você não será escravo de nada nem de ninguém. Recebendo a iluminação de Deus, você vai ama-LO e entende-LO cada vez mais. Na outra vida seremos glorificados em corpo e alma e todo o universo será transformado (1Cor 15,28). Veremos a Deus face a face, e não haverá mais noite, nem se precisará de sol, pois a luz do próprio Deus tudo iluminará (apoc. 22-3). O próprio Deus enxugará as lágrimas de nossos olhos, pois não haverá morte, nem luto, nem grito nem dor (apoc. 21-4).

Atualmente, vivemos sob a lei do pecado de Adão e Eva. A pior conseqüência dessa lei, é que nos podemos ver Deus faca a face. Atualmente, só podemos “ver” Deus através da fé. Outra conseqüência nefasta é a própria morte. Depois temos as necessidades, tais como, ganhar dinheiro, comer, dormir, vestir morar, etc, e todas as demais mazelas humanas.

Só quem vencer, ou seja, quem for fiel no seu amor à Deus, carregando sua cruz até o fim, terá o direito de entrar na nova vida, pois é o próprio Cristo quem diz: “sê fiel até a morte que te darei a coroa da vida” (apoc. 02-10).

Na nova vida não haverá os limites aos quais estamos acostumados. Todos os desejos de nossos corações serão satisfeitos. Tudo o que quisermos, se realizará, pois estaremos na presença do Todo Poderoso.

E o que é melhor: o demônio será definitivamente preso, e de onde está, não poderá mais nos tentar (apoc. 20-10), ou seja, não mais teremos a propensão para fazer o mal. Apenas os desejos bons e justos fluirão de nossos corações.

Temos que ter cuidado então, com quem apenas nos oferece uma falsa prosperidade nesta vida, pois o verdadeiro Deus, têm muito mais a oferecer.

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