TRIGO HUMANO

 
 "Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro."  Evangelho segundo São Mateus 13, 30

 

 
É pelos pequenos gestos que se diferenciam os homens. Um simples "bom dia", um "como vai?", nos deixam entrever as qualidades da alma de quem os pronunciam, com reta intenção. Saber calar, saber ouvir, estar atendo à real necessidade do outro, é das qualidades humanas talvez as mais necessárias nos tempos atuais.
 
Muito se fala em nosso meio católico sobre amor incondicional, mas um discurso vão sobre "amar ao próximo como a si mesmo", não é amar ao próximo como a si mesmo, é teoria, é contradição.
 
Onde está o erro? Em que ponto do caminho nos perdemos dos mandamentos primeiros? Onde estão o amor ao próximo, a boa vontade para com nossos semelhantes? Em que beco escuro se perdeu a prática e se ficou na teoria? Justificar pela falta de tempo é um caminho simplista demais e equivocado. Isso nada tem a haver com falta de tempo. Tem a haver com disponibilidade interna para o outro. Tem a haver com vocação cristã.
 
Como se pode falar em caridade se na prática o que se vê é falta de caridade básica, de atenção, que é o mínimo que se pode esperar de um católico. Ou esses valores mudaram e ninguém nos contou? Em que Concílio se determinou que nossos semelhantes são meros objetos descartáveis?
 
O diálogo cura, conduz, acolhe, é espelho daquilo que nos disse o Pai. Ou será que isso também mudou?
 
Obviamente existem as exceções daquilo que deveria ser a regra, e é por esses homens dedicados à Deus e ao próximo, que eu escrevo essas palavras. A eles, todo o meu aplauso, respeito e admiração. Apesar de todos as dificuldades, eles estão por aí, em qualquer lugar, no banco do metrô, na fila da padaria, nas Igrejas, na multidão sem rosto, disponíveis aos seus semelhantes, fazendo o que Jesus disse para ser feito, fazendo o que eles sabem que deve ser feito, fazendo por vocação, com alegria. Esses, são os ramos de trigo, já separados do joio, aqui mesmo na Terra. Esses, entenderam Jesus.
 
Dedicado ao Pe. Ricardo Araújo (Arquidiocese de São Paulo), Diácono Sérgio Fontes (Arquidiocese de Salvador) e Pe. Guy Ruffier (Arquidiocese da Cidade do Rio de Janeiro) "trigos de Deus".
 
 

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