ALGUNS LEGADOS DE JOÃO PAULO II

 E difícil escolher os legados mais importantes deixados por este grande Papa. Foi um gigante que deixou marcas profundas em inúmeros pontos de doutrina e prática da vida cristã, aliás, de convivência planetária ordeira, justa e fecunda.

Permito-me lembrar quatro pontos.

1.- “Abri as portas a Cristo!” Apenas eleito Papa, na primeira aparição diante do povo que o aclamava na praça de S. Pedro, exclamou: “Abri as portas a Cristo! Ninguém tenha medo de Cristo!” A palavra italiana usada é: “spalancate le porte”: abri-las completamente e com decisão.

Foi como o ideal do seu pontificado: que todos conheçam Jesus Cristo, sigam seu exemplo e ensinamento. Apresentou à humanidade um cristianismo autêntico, como o sistema de vida melhor que exista neste mundo, agitado por tantas ideologias conflitantes.

Muitos anos depois, na exortação “Entrando no novo milênio” voltou ao tema com força, indicando aos cristãos “A medida alta de Cristo”: Não um verniz de cristianismo, mas a tensão constante à santidade pessoal, com obras de justiça e caridade em favor dos necessitados.

Voltou de novo ao tema no ano passado, usando uma ordem dada por Jesus a S. Pedro: “Leva o barco para águas mais profundas e lança a rede para a pesca!” Fez da frase um lema, exortando ao zelo missionário corajoso, tanto para aumentar o fervor dos bons, como para a conversão dos afastados, seduzidos por tantas sereias alienantes, que oferecem uma vida sem sentido, até escravizam com vícios degradantes.

2. Formação da juventude. Foi uma prioridade de João Paulo II.Na sua primeira viagem pelo Brasil, teve um grande encontro com os jovens em Belo Horizonte. O Papa começou assim o discurso: ”Esta cidade tem o nome de Belo Horizonte: olhando o céu azul, o sol esplendido, a paisagem dos montes ao redor, a beleza da cidade, repetimos: Que Belo Horizonte de verdade! Ma com maior verdade, olhando esta multidão de jovens cheios de vida, de ideais, de esperanças repetimos com alegria: Que Belo Horizonte!” 

João Paulo II tinha um carisma especial para os jovens, que representam o futuro. Em Manila, nas Ilhas Filipinas, colocadas na extremidade da Ásia, reuniu 4 milhões de jovens. Ao marcar qualquer encontro com eles se entusiasmava e parecia retomar o vigor juvenil.

Mas não fazia demagogia: pelo contrário, usava palavras fortes contra os vícios, indicando o caminho da virtude cristã, da castidade pré matrimonial, até da vocação religiosa. Os jovens o procuravam por isso mesmo: sabiam que indicava o caminho do bem verdadeiro.

3. Promoção da família. Na última viagem pelo Brasil, celebrou no Rio de Janeiro o encontro das famílias. A formação de famílias firmes, realizadas, com filhos bem educados foi uma das suas preocupações fundamentais. Denunciando o hedonismo e a libertinagem lamentou a multidão de filhos órfãos de pais vivos, de mulheres viúvas de maridos sumidos, de tantos lares desmanchados. Muitos acharam que devia assumir posições mais liberais. Mas poucos lembram que a liberdade deve ser usada com responsabilidade, para não virar libertinagem destruidora.

4. Defesa das liberdades políticas. Todos reconhecem seu mérito na queda pacífica do comunismo, que escravizava um terço da humanidade e ameaçava uma guerra atômica. Na visita a Cuba, não teve medo de pedir abertamente a Fidel Castro de deixar finalmente livre o povo da ilha. O que não tiveram coragem (ou sabedoria) de fazer os seus amigos do nosso País. Muitos no Brasil o acusaram de ter amarrado a teologia da libertação. Ele a purificou do marxismo, que conhecia melhor do que qualquer outro.

Que Deus envie à humanidade um outro Papa da mesma estatura!

Pe. Pio Milpacher
Congregação de Jesus Sacerdote
Osasco – SP

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