MENTIROSOS E LADRÕES DESCARADOS

O que mais me impressiona nos escândalos políticos, que todo dia aparecem, é o modo descarado com que os autores dos delitos negam as acusações. Negam tudo de modo absoluto, como se fossem mais inocentes que os anjos!

Um provérbio popular diz: “Quem é mentiroso é também ladrão”. E, de verdade, mentem porque roubaram. Mas, antes tomaram todas as precauções para não deixar pistas; depois, quando são acusados, negam tudo “de modo absoluto”, até diante de provas contundentes.


É verdade que uma norma de direito diz: “Ninguém está obrigado a trair si mesmo”. Mas uma coisa é não ser obrigado a se acusar, e outra mentir com cara de pau frente a comissões de inquérito e diante da TV, colocar todos os entraves possíveis nas apurações, e no processo judiciário, negando o valor de provas contundentes e continuando a enganar os eleitores. Será necessário estabelecer leis severas contra os políticos que por anos enganaram o povo! Quem  faz  isso nos Estados Unidos é logo expulso por falta de respeito ao povo e decoro parlamentar.
 
Mais grave ainda é o fato que os acusados se façam acompanhar por advogados, até na TV, que se encarregam de ajudar os clientes a esconder a verdade, não respondendo, ou mentindo. É ético que um advogado, quando sabe que o cliente roubou, talvez matou, lhe ensine todos os expedientes para despistar, exigir provas sobre provas, buscando todos os pretextos para prolongar o processo?
 
Uma jovem, no estagio para se tornar advogada, me contava que o chefe, pelo qual trabalhava, aceitava qualquer cliente e o defendia com todos os meios, embora convencido da sua culpa, com a justificativa: “Pagou! Devemos defendê-lo com unhas e dentes”!
 
Do mesmo modo, quando a comunidade necessita abrir uma rua, há advogados que com todos os meios elevam o preço das desapropriações, corrompendo até o juiz para que obrigue o governo, (na realidade a comunidade) a pagar o máximo…
 
Isso não é vender a alma para o dinheiro? A honestidade profissional não impõe limites ao serviço sujo do profissional?
 
Vendo quanto é vasta a corrupção dos políticos paira o medo que o povo conclua: “Todos são mentirosos e ladrões!” Esta conclusão apressada afasta muitos do trabalho para distinguir o político bom do mau; mas é necessário que o eleitor se informe bem, se quiser favorecer a eleição dos honestos e purificar as câmaras legislativas. O trabalho se tornou ainda mais difícil, porque, até ontem, muitos pensavam que existia “um partido da ética!”
 
Na Inglaterra, Espanha, França, Alemanha, Estados Unidos, o trabalho do eleitor é fácil, porque lá existem somente dois partidos principais, ou duas agremiações. Uma assumiu toda a gestão político-administrativa, a outra fez oposição. É fácil para o povo, nas eleições, decidir qual das duas é melhor. Sabendo disso, todos os políticos se sentem pressionados a trabalhar direito.
 
No Brasil, com tantos partidos que pulam de um lado para outro, como saber o que cada um fez de bem ou de mal? Cada partido é tentado de fazer o seu jogo sujo, na quase certeza que a massa do povo não vai descobrir. Bastará, nas eleições, gritar mais forte com habilidade teatral,  semelhante à de um Roberto  Jefferson, ou de um Enéas!
 
Por isso insisto que, para sair da situação calamitosa na qual nos encontramos, o primeiro passo é uma reforma política que reduza o número dos partidos, de modo a facilitar o juízo do povo e pressionar os eleitos a agir com retidão, sabendo que não poderão mais esconder aos eleitores o que fizeram nos quatro anos de mandato.

Pe. Pio Milpacher
Congregação de Jesus Sacerdote
Osasco – SP

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