FAMÍLIAS DESESTRUTURADAS

No fim do ano se faz o balanço da economia, da política, da cultura,do esporte, com projeções para os anos futuros. Pouco se fala da família, que é a célula mãe da sociedade.

Alguns dias atrás li num grande jornal um artigo de um professor (que foi até ministro), com o título: “Da demografia vêm boas notícias”.E a boa notícia era que a média de filhos tidos por mulher em 1960 era de 6,3, enquanto atualmente é de 2,1. Com isso o Brasil se avizinha ao crescimento populacional 0, diminuindo as despesas, o desemprego e aumentando o bem estar.

Eu sou pároco, visito as famílias, ouço os comentários da gente e penso muito diferente. A tendência entre os jovens é de casar sempre mais tarde: 28, 30, 35 anos. Casados, atrasam outros anos antes de colocar no mundo um filho; ou no máximo dois; pode vir um terceiro, por erro. 

Porém começam a namorar cedo, ainda adolescentes.Todos os meios de comunicação apresentam jovens e adolescentes namorando.Tanto que, para muitos parece humilhante aparecer num grupo sem o parceiro ao lado. E, naturalmente são namoros com abraços, beijos e sexo. A maioria, antes de casar, namorou sucessivamente com diversos parceiros.

 Daqui o multiplicar-se das gravidezes precoces, dos abortos e das mães solteiras, adolescentes e jovens. Mães que, naturalmente desejam um pai para o filho, sonham com outro namorado (sempre esperando que seja “diferente” do primeiro), são avizinhadas por jovens expertos, e acabam ficando grávidas pela segunda vez, e de novo abandonadas…

 Nas favelas e cortiços temos mulheres com dois, três, até mais filhos, de pais diferentes, convivendo com amasiados, divorciados, que abandonaram os filhos tidos de outras mulheres e agora ajudam (?) a criação de filhos de outras. As favelas e os cortiços estão cheios de crianças!

As famílias dos prédios e das mansões de classe média, pelo contrário, tem um, ou no máximo dois filhos. Como são educados? Já um provérbio antigo dizia: “O pai de oito filhos é rei, o pai de um filho só é escravo”. São crianças mimadas! Lá também aumentaram as separações, infidelidades, divórcios. Diminuem sempre mais as famílias com pais unidos e dedicados, criando ninhadas de filhos sadios, fortes, brincando juntos e recebendo boa educação.

Trinta anos atrás, na apresentação dos casais ao final de um encontro, era comum ouvir: “Casados há 15 anos, cinco filhos… Casados há 40 anos, oito filhos, 15 netos”. Hoje a declaração comum è: “casados há vinte anos, um filho”, ou ‘dois filhos”. 

E como crescem, que exemplo dos pais e tipo de educação recebem as crianças das famílias desestruturadas? Eis o que escreve numa redação uma menina de dez anos: “O que eu mais quero na minha vida é ver o papai e a mamãe juntos e ter uma família completa… ‘As vezes eu vejo minhas colegas e amigas saírem com seu papai e sua mamãe juntos; então me sinto muito triste, porque eu saio sempre sozinha com a vovô, ou o vovô, ou o tio, mas nunca com o pai ou a mãe…Me sinto como uma flor no meio do nada, sozinha, morrendo de solidão.” Esta menina é criada pelos avós; imaginemos as que estão com a madrasta, ou o padrasto, que mal as suportam, e muitos bebem e brigam!

O aspecto sociológico desta situação é muito grave: diminuindo os filhos de famílias sadias e multiplicando-se os de famílias desestruturadas aumenta a porcentagem das crianças sem educação adequada, dos adolescentes infratores, dos jovens delinqüentes e diminui a dos cidadãos ordeiros, com trabalho produtivo, que pagam impostos, sustentando a comunidade. Viramos um povo decadente!

A educação da juventude para preparar uma família ordeira, merece mais atenção!

 Padre Pio Milpacher
Congregação de Jesus Sacerdote
Osasco – SP

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