“O Magistério: único interprete da Palavra de Deus ou uma opinião qualquer?”

“O Magistério: único interprete da Palavra de Deus (cfr Dei Verbum, 10) ou uma opinião qualquer?” – Há um modo novo de dissentir na Igreja: não mais opor-se, mas reduzir o que diz o Papa, e os Bispos unidos a Ele, a uma opinião entre as outras. Infelizmente, contribuem para isso alguns pastores com os “talvez” e os “se” de suas intervenções, alimentando o relativismo mediático, que reduz tudo a opinião e a dúvida. Contribuem ainda alguns centros ecumênicos, onde a verdade católica, colocada ao lado da verdade de outras confissões, é proposta como complementar a estas. Um exemplo: a Carta da Congregação para a Doutrina da Fé, promulgada por João Paulo II! , sobre o conceito de comunhão (“Communionis notio”): segundo o método teológico católico, deveria ser o ponto de interpretação autêntico da eclesiologia no diálogo ecumênico; ao invés, é normalmente ignorada, se não rejeitada; lamenta-se, ainda, a falta de recepção em casa católica dos documentos do diálogo oficial. Na realidade, não poucos ecumenistas duvidam que a Igreja católica tenha a plenitude dos meios da salvação: um sinal de tal ambigüidade é a prática da intercomunhão e a busca do chamado consenso diferenciado sobre as verdades da fé. O mesmo pode-se dizer da Declaração “Dominus Iesus”, que permanece atual para a problemática do diálogo inter-religioso, e das Encíclicas “Redemptoris missino” e “Fides et ratio”, que s&atild! e;o imprescindíveis para a teologia das religiões. Deve ser feito, portanto, um estudo aprofundado do estado do movimento ecumênico e do diálogo inter-religioso.
A quem compete “velar” sobre tudo isso? Porque o termo grego “episkopè” tem justamente este significado, compete primeiramente aos Bispos, como Pastores e Grão-Chanceleres das Faculdades teológicas, junto aos diretores e aos reitores de seminários, vigiar para que se ensine a doutrina católica, e em constante comparação com esta, se realize a reflexão filosófica e teológica. Muitas vezes ouve-se dizer que os Bispos ignoram tais situações por uma questão de tranqüilidade; uma omissão grave, porque deste modo os futuros sacerdotes, confessores e pastores, os leigos que ensinarão religião farão com que as ovelhas voltem, como diz Dante – “all’ovil di latte vuote”. Quando tal instância primária de verificação doutrinal e disciplinar não funciona, a Santa Sé deve intervir par! a o princípio de subsidiariedade; o itinerário de verificação não tem nada de tenebroso, mas se realiza segundo o método evangélico da correção fraterna.
O método teológico deve levar a distinguir a verdade dos erros; hoje, da teologia ‘frágil. Sabem os Bispos se os docentes, no início dos cursos, ajudam os estudantes a distinguir aquilo que é doutrina e aquilo que é teologia? Estes devem promover aqueles pontos da doutrina católica em que existe mais ignorância ou confusão: na Sagrada Escritura, a historicidade dos Evangelhos e da pessoa de Jesus Cristo – vista o que está vindo à tona com o evangelho de Judas e o Código da Vinci – expondo os limites do método histórico-crítico e das leituras contextuais, espirituais e assim ditas inspiradas; na sacramentaria, a essência e o papel da graça sacramental para a eficácia dos sacramentos, a indissolubilidade do matrimônio, a relação entre matrimônio e fé, entre matrimônio civil e eclesiástico.
A propósito, deve-se constatar como é inserido hoje o ensinamento moral dentro da lei cristã: freqüentemente, alguns Bispos intervêm sobre temas de bioética, expressando compreensão pela pesquisa em curso e pelas situações das pessoas, mas não fazem nem mesmo um aceno sobre a necessidade da conversão pedida por Cristo e à ajuda da graça, limitando-se à lei natural. Não seria mais condizente com um Pastor falar das virtudes teologais e cardeais tão necessárias para ser ‘perfeito como o Pai’? O Pastor não é um construtor de opinião, mas um homem de Deus que fala com Deus e de Deus ao homem. Esta é a vocação de todo cristão. Um professor de religião, se não comunica a doutrina católica, mas apresenta a religião somente como fenômeno humano, no que se distingue de um doce! nte de filosofia?
Tudo isso enquanto avança entre os católicos o protestantismo em diversas partes da Europa, inclusive pela escassez de sacerdotes; habitua-se a paróquias mantidas por leigos, portanto sem Eucaristia, ou a dioceses onde os conselhos presbiterais são compostos em grande parte por leigos; aumenta a diferença entre a fé pessoal e aquela da Igreja. Torna-se urgente recuperar o ocidente à fé, à doutrina católica da única verdade salvífica. (A.F. 8/6/2006)

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*Vaticano As Palavras da Doutrina

*Fonte: Fides

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