Locuções Interiores

Infelizmente pouco se conhece sobre teologia mística. Alguns fenômenos, ou são menosprezados a ponto de serem aprioristicamente escarnecidos, ou se lhes atribui valor exagerado, colocando-os a nível da Revelação oficial.

Esquecemo-nos de que a Graça nos torna verdadeiros filhos de Deus e que Maria é nossa verdadeira Mãe. Não nos lembramos bastante que a oração não é um monólogo, mas um diálogo, no qual a parte mais considerável deve ser deixada aos interlocutores celestes. Sabemos que Deus tem infinitas possibilidade de comunicar-se com seus filhos, escolhendo, pare cada um, a forma mais conveniente, além das formas oficiais que todos conhecem

2) Que é “locução interior’? Antes de tudo deve-se afirmar que não é um fato estranho, nem sensacional, mas é um fenômeno místico presente na vida da Igreja e descrito nos manuais de teologia espiritual.

Não é uma comunicação com Jesus, Nossa Senhora ou os Santos, através dos sentidos, como acontece nas autênticas aparições. Nela não sc vê com os olhos, não se ouve com os ouvidos, não se toca nada. Não é também, somente uma boa inspiração, ou a luz que o Espírito Santo derrama, ordinariamente, na mente e no coração dos que rezam e vivem de fé.

Quando se trata de um fenômeno autêntico, a “locução interior” é o dom de tudo o que Deus quer fazer conhecer e ajudar a cumprir, revestindo-o de pensamentos e palavras humanas, conforme o estilo e linguagem de quem recebe a mensagem.

A pessoa se toma instrumento de comunicaÇão, embora conservando intacta a própria liberdade, que se manifesta num ato de adesão à ação do Espírito Santo. Enquanto acolhe a palavra do Senhor, seu intelecto permanece como que inativo. Não vai à procura dos pensamentos nem da maneira como expressá-los, como acontece, por exemplo, a quem prepara um discurso importante ou escreve uma carta.

3) São .João da Cruz chama de “locuções”, ou palavras sobrenaturais formais, as palavras distintas que o espírito recebe não de si mesmo, mas de uma outra pessoa, estando ou não recolhido (Subida do Monte Carmelo, cap. 26, n.° 2).

Tanquerey define as locuções ou palavras sobrenaturais como manifestações do pensamento divino, apreendidos pelos sentidos internos ou externos. (Compêndio de Teologia Ascética e Mística, cap. 3, n.° 7 494).

Pode-se, então, assim, definir as locuções: São palavras claríssimas, percebidas pela pessoa que as recebe como se nascessem do coração, as quais, unidas entre si, formam uma mensagem.

O chamado do céu é quase sempre de improviso. É o Senhor ou Nossa Senhora, os Anjos ou os Santos, que tomam a iniciativa do momento e do conteúdo da mensagem.

4) Para distinguir as locuções autênticas das espúrias, que são fruto de engano deliberado ou de mórbida auto-sugestão, ou até mesmo de interferência do Demônio, há normas muito precisas. A literatura, nesse ponto, não é rica nem atualizada; ajudam-nos os escritos dos grandes místicos, como S. João da Cruz, Santa Tereza d’Ávila, Santo Inácio, Santa Catarina de Gënova e Santa Catarina de Sena. Também os estudos e tratados de Tanquerey, Royo Marin, A. Poulin, Garrgou-Lagrange e outros.

Mais difícil é avaliar o peso de elemento humano de que se reveste a inefável Palavra de Deus, para chegar a compreender o que a mensagem contém de essencial, universal, e enfim, de divino.

Se temos respeito para com toda pessoa e sua liberdade, então, por que deveríamos fazer exceção só para Deus, como se Ele tivesse que pedir-nos licença e acomodar-se aos nossos gostos na escolha dos lugares, tempos, modos e ìnstrumentos para poder entrar em comunicação com seus filhos’?

É preciso crescer no espírito de Sabedoria para alegrar-se com Jesus, quando exclama: “Eu, te dou graças, ó Pai, porque escondeste teus segredos ao cultos e sábios, c os revelaste aos pequenos”; e para exultar com a alma da Mãe Celeste, quando canta: “Encheste de bens os pobres c aos ricos despediste de mãos vazias”.

RETIRADO DO LIVRO DO MSM – MOVIMENTO SACERDOTAL MARIANO

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