A Solenidade da Epifania

Nos países onde o dia da Epifania (6 de Janeiro) não é feriado, a Igreja celebra a Festa no Domingo mais próximo.  

Para os Magos foi uma estrela que os acompanhou desde o Oriente e que os levou cheios de alegria até que “(…) viram o Menino com Maria, Sua Mãe e, prostrando-se por terra, adoraram-No” (Mt 2, 11). Há porém outros sinais para encontrar Jesus. Um jovem agonizante com AIDS, com as poucas forças que tinha, aponta para a Madre Teresa de Calcutá que o cuidava e diz: «Nunca vi Deus nem tenho necessidade de O ver. Esta velhinha é Deus vivo». Um peregrino, como muitos foi a Ars. Interrogado se tinha visto o Padre João Maria Vianney, o Cura de Ars, disse: «Sim, eu vi Deus num homem». Num encontro do Papa em Tours, com o que se pode chamar a escória da sociedade, com aqueles que todos rejeitam, alguém da multidão vendo a atitude acolhedora do Santo Padre, exclama: «É o Evangelho vivo».

Todos estes gestos de solidariedade sincera, de dedicação desinteressada, de entrega aos outros devem levar-nos até Deus e vê-Lo aí.  Os Magos antes de encontrar Jesus tiveram de passar por grandes tribulações e incertezas. O seu percurso é para nós modelo do caminho da fé. Foi o Espirito Santo que guiou e iluminou os Magos para chegarem até Jesus. Deixaram tudo para conhecer o que os faria felizes. Quando a estrela que os guiava desapareceu os Magos não desistiram, mas perguntaram aos judeus: “Onde está o rei dos Judeus, nascido há pouco? Vimos a Sua estrela e viemos adorá-Lo. Ao ouvir isto o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele. Convocou então todos os Príncipes dos Sacerdotes e Escribas do povo e inquiriu deles onde havia de nascer o Messias. Responderam-lhe eles: Em Belém da Judeia, porque assim está escrito no profeta. (…) Então Herodes, tendo chamado secretamente os Magos procurou saber deles, com exactidão, o tempo em que a estrela lhes tinha aparecido e, encaminhando-os para Belém, disse-lhes: Ide e informai-vos bem do Menino e, quando O encontrardes, avisai-me para eu ir também adorá-Lo” (Mt 2, 2-7).

Como sabemos a intenção de Herodes não era a de ir adorar o Menino Deus, mas sim encontrá-Lo para lhe dar a morte. A Estrela voltou a aparecer aos Magos que a seguiram cheios de alegria, até que ela parou por cima do estábulo onde estava o menino “com Maria Sua Mãe”. Foi a altura de reconhecerem n’Ele o Messias e prostrando-se adoraram-No e ofereceram-Lhe os presentes que traziam – ouro porque era Rei; incenso porque era Deus; mirra porque era Homem. Os Magos avisados em sonhos não regressaram a Herodes para o informar, cooperando assim nos planos de Deus e “(…) retiraram-se por outro caminho, para a sua terra” (Mt 2, 12). Esta frase de S. Mateus: “retiraram-se por outro caminho”, foi levada à letra, mas podemos também dar-lhe uma outra interpretação: os Magos a partir desse acontecimento nunca mais foram os mesmos; vivem agora segundo o Espírito Santo que os faz entrar numa nova relação com Deus, com eles próprios e com os outros.  

João Paulo II, em Roma em Janeiro de 1997 disse-nos: “Os Magos representam os povos da terra inteira que, à luz do Natal do Senhor, se encaminham pela estrada que conduz a Jesus constituindo, num certo sentido, os primeiros destinatários daquela salvação inaugurada pelo nascimento do Salvador e levada à sua plena realização no mistério pascal da sua morte e ressurreição. (…) Compreendemos assim o sentido pleno da Epifania, apresentado por Paulo do modo como ele mesmo o entendeu e actuou. Tarefa do Apóstolo é difundir no mundo o Evangelho, anunciar aos homens a redenção operada por Cristo, conduzir a humanidade inteira pela via da salvação, manifestada por Deus a partir da noite de Belém. A actividade missionária da Igreja, através das suas múltiplas etapas no decurso dos séculos, encontra na festa da Epifania o seu início e a sua dimensão universal”.

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